quinta-feira, 20 de maio de 2010

Virtuoso

Dizia que mesmo os mais virtuosos sucumbem a um ímpeto e vincado controlo sobre uma tentação! Será legítimo assegurar tal realidade quando os nossos dias nos deparamos com surpresas constantes? Quisera eu pôr-me a adivinhar que já nada me surpreenderia, quando sou brindado com mais um ano de vida. Novidade? Nem por isso. Sabia que por meados do quinto mês minha divina e valiosíssima progenitora havia brotado ao mundo tão delicada criatura. Então o que há de novo? Somente o livro por escrever, apinhado de páginas em lácteo branco que imaginei anteriormente estarem escritas com a mais rematada caligrafia. Pois é, a minha vida não está predestinada e dia-a-dia me deparo com risos e chacota, palmadinhas e mal dizer, ignorância e benquerença. Mais um ano e os outros, com todo o desdém que me apraz, que não me enxergam, persistem em proferir comentários sobre mim e a endrominar sobre quem eu sou. Fará sentido perder o meu tempo com vis personagens, quando os raios de sol impregnam Mértola e me fazem sorrir? Hoje, vejo claramente o ziguezaguear do Guadiana e entendo a curva do rio na terra onde torra o calor. Hoje sinto-me cálido no aroma de um azul suave, na pronuncia segura igual ao de um cantar alentejano, no vai e vem de um zelo incessante em atingir um propósito. A tua companhia, Terra petiza, tem me tornado seguro sempre que por tuas calçadas vagueio contigo, quando o Castelo vejo serem os teus olhos, as ameias a menina dos olhos… teus olhos e o teu toque se declarar ser cada a noite que teu céu estrelado ampara meu sono. Extenuas como kriptonite, persuades-me como servo crente, alio-me a ti como fiel companheiro e agracio a forma como me colheste em teu mundo com a faculdade de bem saber receber. E como me recebes…
Crê fielmente em mim e não desiludirei tua história, teu passado, tuas amarguras e infortúnios, tuas conquistas e façanhas… terra Petiza, terra bem figurada… terra Menina!
Descerca te de controlo e condescende te a este meu sôfrego querer de actuar como parte de ti, não ser mais um, mas ser o que labora tuas planícies, irriga teu solo e metamorfoseia a terra do mel e medronho no mais flóreo jardim primaveril da província para Além do Tejo.

P

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