quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Inconstância no Amor

"Não pretendo justificar aqui a inconstância em geral, e menos ainda a que vem só da ligeireza; mas não é justo imputar-lhe todas as transformações do amor. Há um encanto e uma vivacidade iniciais no amor que passa insensivelmente, como os frutos; não é culpa de ninguém, é culpa exclusiva do tempo. No início, a figura é agradável, os sentimentos relacionam-se, procuramos a doçura e o prazer, queremos agradar porque nos agradam, e tentamos demonstrar que sabemos atribuir um valor infinito àquilo que amamos; mas, com o passar do tempo, deixamos de sentir o que pensávamos sentir ainda, o fogo desaparece, o prazer da novidade apaga-se, a beleza, que desempenha um papel tão importante no amor, diminui ou deixa de provocar a mesma impressão; a designação de amor permanece, mas já não se trata das mesmas pessoas nem dos mesmos sentimentos; mantêm-se os compromissos por honra, por hábito e por não termos a certeza da nossa própria mudança.
Que pessoas teriam começado a amar-se, se se vissem como se vêem passados uns anos? E que pessoas se poderiam separar se voltassem a ver-se como se viram a primeira vez? O orgulho, que é quase sempre senhor dos nossos gostos, e que nunca está saciado, sentir-se-ia infinitamente lisonjeado por um novo prazer; a constância perderia o seu mérito: deixaria de fazer parte de uma ligação tão agradável, os favores actuais teriam o sabor dos primeiros favores e as recordações não fariam a menor diferença; a inconstância seria desconhecida e as pessoas amar-se-iam sempre com o mesmo prazer, porque teriam sempre os mesmos motivos para se amarem."

Por "La Rochefoucauld"

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Da-me um abraço...

Um dia, o que contaremos aos netos serão narrações de sorrisos e felicidade. O que perdura? São os bons momentos, e esses brotaram como erva em campo fértil no meu Minho.

Tirei te o chão? A mim já me havias tirado há algum tempo... sentia me assentar os meus pés no vazio e quando encontrava alguma firmeza, não era mais do que terreno pantanoso.
Se algo te tivesse doído, tinhas proferido nem que fosse uma só palavra... o silêncio consumiu-me... o silêncio consumiu-te... fica o abraço, a tua indiferença e o quanto te puxei para mim.

Tem uma boa vida de futilidade!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Amo-TE

Amo-te! Não sei bem exprimir porque sim nem porque não. Mas sei, sinto que te amo. Gosto de ti porque gosto de ti… Amo-te e não o sei decifrar. Gosto de ti pelo aconchego que me dás quando me enlaças. Gosto de ti quando chove ou quando o sol brilha. Gosto de ti quando estás próxima de mim, mas também gosto de ti quando estás longe… e como custa estares longe. Amo-te porque dás cor à minha vida, porque me reavivas e me rejuvenesces, porque sinto que me amas, mesmo que por vezes te ocultes. Gosto da forma como sorris. Gosto do brilho da lua nos teus olhos, gosto de acordar contigo e ver-te adormecer a meu lado. Gosto que adormeças no meu peito. Adoro andar contigo de mão dada. Gosto do teu beijo e gosto de te beijar. Amo-te por seres complemento do meu eu e pela inquietude que me levantas. Gosto de ti pelos limites que me crias e pelas barreiras que arruínas. Amo-te porque vejo quando estou contigo que me amas e quando não estou te revolta não me ter. Adoro saber que há tantos motivos para te amar… receio sentir-te escorregar de mim.
Amo-te… porque te amo!

P

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Desa(bafo)

Hoje, prontamente no primórdio do meu dia senti um bafejo benéfico que me alcançou na fronte… recebo a manifestação que me arranca o sorriso e me deixa a tremular: amo-te!
Tão lesta alegria propiciou-me um sereno, sadio, feliz e bem disposto dia.
É ininteligível saber-se que esse devia ser o sentimento perdurante e válido na cachola de quem ama verdadeiramente outra pessoa, não obstante da ficção engendrada pelo ciúme, pela distância ou pelo devaneio. Então porque não nos centramos no nobre sentimento e escaqueiramos com toda a fantasia deste, daquele ou doutro momento inócuo?
Essa alegria no início do meu dia, fez me acreditar em viajar, fez-me imaginar a paternidade, fez-me ver que nada é melhor que estar contactável! Essa sensação de dar e receber notável sentimento, deveria dar-nos força para suprimir barreiras e não para as elevarmos.
Amo-te hoje mais que ontem e certamente menos que amanhã… Isso é significativo que és a minha centralidade não obsessiva mas saudável, que és meu rumo não meu labirinto, que és minha escolha e não imposição… que és o meu tesouro e para o perpetuar não irei abdicar de uma mísera parte que seja!
Tenho dito

P

domingo, 11 de julho de 2010

Compatibilidade

Somos compatíveis porque somos parecidos o suficiente, somos diferentes na dose certa, gostamos das mesmas coisas na proporção correcta e queremos coisas diferentes na quantidade exacta!

P

segunda-feira, 7 de junho de 2010

sempre como eu...

Engraçado como a vida se encarrega de tramar ininterruptamente quando estou bem! Consciência tranquila pois ilusório nunca fui nem serei. Continuo fiel ao meu rumo, esperando uma palavra.

P

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Desejo de uma vontade incessante de ser

Hoje rabisco ao amor,
Redijo a uma aguarela de cor,
Retrato os teus sonhos dia-a-dia,
Pinto nas linhas uma prosa luzidia.
Para que nem o chão perca dos pés,
Retrato-te na mente tal como és,
Gravo a prazer desmesurado teu rosto,
Criatura, és sol que mais do que gosto.
Pessoa encanto que me engrandece,
Existe, invadiu, perdura e acontece,
De particularidades apinhada e imensa,
Aperta me a alma e coração condensa.
De mil delitos e equívocos meus,
Minha inocuidade atesta-a Deus,
Teu arrojo ténue, em parte cedo bem esvazia,
Ansiava que fosses o meu outro eu um dia.

P

terça-feira, 25 de maio de 2010

Resoluções

Inexplicavelmente, somos confrontados com tomada de decisões que nos condicionam toda a vida. Esse percurso tortuoso numa qualquer vereda de terra batida do Gerês ou de um rápido do Douro nascente a que intitulamos de existência, faz se de vivências e veracidades que nem sempre o passar dos anos nos concede apetência de clarividência.
Será o ser humano capaz de discernir entre a melhor escolha? Será capaz de convenientemente optar pelo bem ou pelo mal? Deixar-se decidir entre o anjo ou o diabo? A direita ou a esquerda? Entre o sul e o norte? O beijar ou ser beijado?
Como qualquer decisão tomada, as sequelas far-se-ão sentir num futuro pegado, quer positivamente, quer negativamente.
Usualmente digo que mais vale arrependermo-nos de algo que fizemos do que de algo que não fizemos. Ao deixar falecer a oportunidade de algo, permanecerá a interrogação de como teria sido! Até provar o mais suculento e carnudo fruto, não poderemos dizer que gostamos ou não.
Sucumbiremos então à desenfreada instigação de dizer sim à partida? Não acho que seja a melhor forma de conduzir o meu rumo… mas deixar passar a ensejo de ver mais um nascer do sol ou sentir mais uma vez o cheiro da terra molhada causa-nos um oco intransponível que nos impinge barreiras entre o presente e o dia de amanhã.
Não estou com contemplações em relação ao meu futuro. As minhas deliberações são arrebatadas e reflexo de uma racionalidade que me consumiu a emoção. Sinto-me capaz de optar na encruzilhada pelo que é melhor para mim, mesmo que não seja o melhor para os outros. Disposto a moldar me aos que de mim dependem? Sempre estive… resta saber se serei aceite não como sou, mas como poderei vir a ser.
Não será um qualquer óbice que me fará demover do meu intento… continuarei a lutar rendido à emoção do meu ser racional e ao contrário do que seria esperado, não tombarei esperando que o tempo cure as chagas na minha pele. Continuarei firme ás minha certezas e nenhuma tomada de decisão me dissuadirá alcançar o cume do Evereste… posso não chegar lá, mas todos os dias me vou esforçar para atingir o meu intento!
Não desisto de ser feliz.
Tenho dito.

P

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Virtuoso

Dizia que mesmo os mais virtuosos sucumbem a um ímpeto e vincado controlo sobre uma tentação! Será legítimo assegurar tal realidade quando os nossos dias nos deparamos com surpresas constantes? Quisera eu pôr-me a adivinhar que já nada me surpreenderia, quando sou brindado com mais um ano de vida. Novidade? Nem por isso. Sabia que por meados do quinto mês minha divina e valiosíssima progenitora havia brotado ao mundo tão delicada criatura. Então o que há de novo? Somente o livro por escrever, apinhado de páginas em lácteo branco que imaginei anteriormente estarem escritas com a mais rematada caligrafia. Pois é, a minha vida não está predestinada e dia-a-dia me deparo com risos e chacota, palmadinhas e mal dizer, ignorância e benquerença. Mais um ano e os outros, com todo o desdém que me apraz, que não me enxergam, persistem em proferir comentários sobre mim e a endrominar sobre quem eu sou. Fará sentido perder o meu tempo com vis personagens, quando os raios de sol impregnam Mértola e me fazem sorrir? Hoje, vejo claramente o ziguezaguear do Guadiana e entendo a curva do rio na terra onde torra o calor. Hoje sinto-me cálido no aroma de um azul suave, na pronuncia segura igual ao de um cantar alentejano, no vai e vem de um zelo incessante em atingir um propósito. A tua companhia, Terra petiza, tem me tornado seguro sempre que por tuas calçadas vagueio contigo, quando o Castelo vejo serem os teus olhos, as ameias a menina dos olhos… teus olhos e o teu toque se declarar ser cada a noite que teu céu estrelado ampara meu sono. Extenuas como kriptonite, persuades-me como servo crente, alio-me a ti como fiel companheiro e agracio a forma como me colheste em teu mundo com a faculdade de bem saber receber. E como me recebes…
Crê fielmente em mim e não desiludirei tua história, teu passado, tuas amarguras e infortúnios, tuas conquistas e façanhas… terra Petiza, terra bem figurada… terra Menina!
Descerca te de controlo e condescende te a este meu sôfrego querer de actuar como parte de ti, não ser mais um, mas ser o que labora tuas planícies, irriga teu solo e metamorfoseia a terra do mel e medronho no mais flóreo jardim primaveril da província para Além do Tejo.

P

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Virtuosismo

Mesmo os mais virtuosos sucumbem a um ímpeto e vincado controlo sobre uma tentação...

P

quinta-feira, 18 de março de 2010

Porque é que a vida é tão calculável, porra?!

Por mais anos que esta carcaça velha possa viver, a melhor das provas já aglutinou: até burro velho aprende. E para o actor que diz que “pa boi velho, erva tenra”, desenganem-se os encantados que tudo é maçãs (como bela adormecida) e beijo na princesa. Sei o que digo… Já matutaram na tontice de ser homem? Somos ludibriados pelo ser mais vil à face da terra, labutamos estupidamente para o dito ganha-pão, cometemos fortuitos deslizes e… somos sodomizados pela cinderela da fabula principesca! Que lindo que é ver o estudioso da Terra amargurado pela mais mirabolante história… melhor, pela mais macabra estória alguma vez retratada. Oh especiaria minha como almejo tua persuasão… oh delícia pura, como me encanta esse ser feminil. Porquê a busca incessante do despojado, quando nos preenchemos com a superabundância? Porquê a triste reza do acreditar quando o obvio nos remata as medidas? Porquê continuar à aguarda de alguém quando somos “The Lone Ranger”: until The End? Graças à imbecilidade dos meus mesquinhos trinta anos, continuo a acreditar no amor e na efervescência do intuição no meu corpo. Serei crente? Alado de mim mesmo? Fraca a expressão. Continuo e sentir-me incapaz de ser metade de alguém! Não almejo parte de mim mesmo… queria encontrar… só… a outra meação de mim. Essa que por entre a meia-luz do buliçoso oceano Pacífico me esvai ao ser de mim mesmo. Acabo com havia começado: Mértola vil terra de desterro que me impõe, nunca como agora, calcorrear as terras lusitanas revelou-se surpreendente. Onde jamais almejei encontrar a clarividência, descobri a lucidez plena do meu pensamento. É um facto, sou feliz. Nas margens do guadi Guadiana vi-me assentado e, como augurei, muito bem me integrei. Conheci figuras estupendas numa terra abençoada pelo calor e pela magnânime faculdade de bem receber. A selecção natural acha-se feita e rapidamente descobri os meus pares, não só pela afinidade da naturalidade como também pelos interesses correspondentes. Agora, entre tantos e tão poucos aprimorei meu pensamento que nunca se desapegou da perspicuidade! De olhos bem ilimitados, braços bem vastos recebo agora minha novel terra como se somente agora houvesse enxergar. De agora em diante, atento, me levarei pela terra que rima com calor e que transpira o sul!

P